O Paraná de todos
nós
Nasci do bojo dos
tempos
Sem atribuição,
preceitos ou diretrizes
Em terras que se prediziam
fecundas
Semeei profunda,
minhas raízes
No aconchegante seio de Nhandecy
A inspiração simboliza
Buscando força na origem
A própria ascendência se eterniza
Crescido no divisor de águas
Separando o Cinzas e tibaji
Trilhei por Ibitiraquira
E morei no pico do Marumbí
Segui o caminho de Pai zumé
San Tomé ou Peabirú,
Margeando os rios Ivaí
Piquirí, Tibagí e Iguaçu
Iara é a mãe das águas
Mas ceucy que fez brotar
Verdes pés de erva mate
No sertão de Guairá
Loreto mais Santo Inácio
E outras grandes povoações
Foram símbolos evidentes
Das notórias reduções
San Pablo, Conseepción,
San Miguel, Jesus Maria
Republica teocrática Guarani
Uma idéia que se esvazia
Vila rica do Espírito Santo
Nas margens do Ivaí
Deixou seus sagrados rastros
Na foz do Corumbataí
Vi os primeiros povoadores
Rumo ao sul pra se fixar
Ao sair de Cananéia
Chegando a Paranaguá
Vi a coivara plantada
De xaxo ou de saraquá
Ouvi na eira a batida
De vara ou de manguá
Fui feiticeiro selvagem
Em Atalaia vivi
Em palmas lutei ao lado
Do destemido Viry
Fui o caminho das tropas
Fui Rio Chopin sem dar Vau
Ouvi o grito do ronda
E o canto do Urutau
Percebi a angustia do rondante
Na imaginação que flutua
Implorando por ajuda
Em noites escuras e sem lua
Vivi o ciclo do ouro
Da agricultura e pecuária
Ouvi o canto da gralha azul
Por entre as matas de araucárias
Agora, a conjeturar ainda vejo
Em relances, fantasias e memórias
A fixão em desvanecimentos e
desejos
A beber água nas cacimbas da
história
Conheci Antonio Bicudo
Com familiares e pertences amais
Oferecendo apoio aos exímios
tropeiros
Que percorriam os campos gerais
Ouvi o ruído das carroças
Com a chegada do imigrante
Era o progresso rondando
O meu estado gigante
Sou descendente Caingangue
Que habitou matas virgens
Assimilei outros padrões culturais
Sem renegar minhas origens
Vi o caboclo araucariano
Que do borralho saindo
Pra defender foi à lapa
E enfrentou o Gumercindo
Ainda hoje retumbam nos ares
Numa sinfonia de muitas canções
Neste relato de ontem e de agora
Em mais um duelo entre gerações
Escutei o rumor das sete quedas
A algumas léguas de distancia
Ouvi a voz da civilização
A ocultalas com arrogância
Aos ambiciosos destruidores das
matas
A sua proteção, Deus Tupã e Tupancy
Não poluam vertentes e cascatas
É um protesto de origem Tupi
A peregrinar pelo passado em riste
Virtuais ideologias transponho
A evidenciar novos tempos
Que se deslumbram felizes e
risonhos
Mas hoje afinal quem eu sou
Só a nossa história pode contar
Venho do fundo do tempo
Sou o rico, glorioso e sempre
honrado estado do Paraná
Viva os pinheiros remanescentes
E verdes matas de Taquaraçu
Salve a própria fauna reprimida e
sofrida
E viva o nosso parque nacional do
Iguaçu
Do baú primoroso do tempo
Reuniremos razões convenientes
Ao unir-se o passado ao presente
Em uma réplica incontestável e
sagaz
De um povo ordeiro que se satisfaz
Em um estado que já nasceu gigante
Que se aprimora, se renova a todo
instante
Este é o Paraná de todos nós
O Paraná do sonho de nossos avós
O Paraná do trabalho, do amor, da
vida e da paz
Miguel Arnildo Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário