terça-feira, 7 de outubro de 2014

Não Me Toque em versos

NÃO ME TOQUE EM VERSOS


Este rincão foi domado
Por braços de imortais
E nas patas dos baguais
Foi logo dimensionado
Entre mugidos de gado
Até então sem preceder-se
Começou a descrever-se
Ao ouvirem-se de manhã.

Logo depois dos nativos
Chegarão a ser incisivos
Quando a galopar sem deslizes
Acautelados, felizes
Seguindo-se em atropelos
Na volta do Cotovelo
Ou de um arroio Puitã.

Nas tropeadas de alguns bravos
Uma história se forjou
Das raízes que brotaram
Só as heranças restaram
Que o próprio tempo conservou
Hoje celeiro de produção
Onde tem berço e tradição.

De um pioneirismo que se arraigou um dia
Ao ventre da terra fez brotar poesias
Por onde o eco do vento excitou
Por entre uma trajetória que não se iguala
Ao transpor os anos jamais se abala
Não-Me-Toque, nos reflete como um sonho
Este nome foi o velho Possidônio
Que o imortalizou.

Nas bruacas em outros tempos
Guardaram-se misticismos
Por onde nem o próprio enciclopedismo
Ao cumprirem-se os fundamentos
Quando ao trançarem-se os mesmos tentos
Procurou-se abastecer.

Só no porvir de um amanhecer
Ao fixar-se as gravuras
Das mais lendárias figuras
Por entre o canto dos nativos
Que conservam-se ainda vivos
Na imaginação de um povo
Saudando o velho, o novo
E os que estão para nascer.

Junto ao fogo de galpão
Em um tom bem compassado
Lembram Capitão Bernardo
Homem bom e humanitário
Criador e proprietário
Da Fazenda Bom Sucesso.

Que sem ficção e sem versos
Chegou a ser contemplado
Enaltecido e elogiado
Pelo próprio imperador
Por ser taura de valor
Pelo grande brilhantismo
E pelo exemplo de civismo
Em tempos que lá se vai.

A Não-Me-Toque voltava
Onde a família o aguardava
Quando o estancieiro e comandante
Regressava triunfante
Dos campos do Paraguai.

Nem mesmo a tropilha dos anos
Conseguiu mudar os fatos
Pois ainda ouve-se os mesmos relatos
Quando ao usar-se de um só conceito
São contados de um mesmo jeito
Sem mudar nem um mentor.

É o povo ordeiro e seguidor
Que sem vacilar a um só momento
Apóia-se em ensinamentos
De uma doutrina cristã.

É o próprio agricultor
O homem trabalhador
Que sem ouvir um só estalo
Segue no mesmo cavalo
Quando muito se aprimora
Gente de ontem e de agora
De uma geração que se adianta
Que ao seguir se agiganta
Rumbeando pra o amanhã.

A imaginação me faculta
E ao Senhor do Céu proponho
Para que o velho Possidônio
A essa terra retorna-se.

O seu Não-Metoque renasce
Ou então renasceria
Onde a própria idolatria
Daria luz aos pirilampos
Na placidez dos verdes campos
Desabrochariam as flores
No rincão dos seus amores
Voltaria a ser feliz.

Para que rebrota-se a raiz
A estabelecer-se mais os elos
A seguir no paralelo
Na Honradez e lisura
Junto a indústria e a agricultura
Mas que a bela Jacutinga
Volte a piar nas restingas
Nas manhãs primaveris.

Os princípios foram um só
Ao ser provindos de um mesmo som
Ao brotar da seiva da mesma canção
Ao buscar-se também o mesmo ideal
Ao lembrar-se Schimitt, Graeff, Otto Sthal
E outros tantos egrégios da história
De um passado sem jaça e de glórias
Onde sempre se irradiou alegria em viver.

Quando movidos pelo bem querer
Numa hora sublime e de graça
Ao surgir à mistura de raças
Ao tornarem-se coesos e completos
Ao unirem-se pelo mesmo dialeto
Ao saudarem-se ao amanhecer.

Do candeeiro do tempo
Onde sotaques se fundem
Aspirações se correspondem
Ao atingir um só nível
Pela razão infalível
No sonho da antiguidade
Onde resplandece a claridade
Ao perpetuar-se nesta hora.

Nesta gênese que se aflora
A nivelar-se por cima
A buscar-se na essência da rima
A inspiração e poesia
O fulgor que se irradia
Sem rasuras ou cicatriz.

Com culturas diferentes
A formar-se uma só cultura
Com arte e nomenclatura
Neste aparato que se expande
Sobre o seio do Rio Grande
Não-Metoque só com zelo
Pode servir de modelo
Para todo o nosso país.

Germânicos, Italianos
Nativos americanos
Africanos, Portugueses
Espanhóis e Holandeses
E algumas mais descendências
Que habitam esta querência
Mesmo de longe ou de perto
Citam Coronel Alberto
Como colonizador primaz
Que sempre arraigado e tenaz
Sem adorno ou matizes
Ofereceu diretrizes
Para todos os que o seguiam.

Pra colônia que nascia
Na expressão comovente
Foi à cacimba, a vertente
A gota d’água cristalina
Que deu força e disciplina
Na imagem que se assemelha.

Ao ligar-se à terra vermelha
A linha do horizonte
Quando se embasa na fonte
O futuro que se espelha.

Os viajantes chegaram
Entoando uma só voz
Ao irmanarem-se com nós
Imigrantes que sonharam.

Já no momento se alistam
Como eternos pacifistas
Onde respeita-se os mesmos direitos
Num preciosismo, sem preconceitos
Os campeiros e colonos
Ao julgarem-se os donos
Deram-se as mãos por aí.

A caminhar lado a lado
Loiras e xirús irmanados
Com paz amor e carinho
Construindo um só caminho
Num virtuosismo constante
Onde o agricultor vibrante
Ao voltar em novas cargas
Torna a terra do seu Vargas
Jardim do Alto Jacuy.








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