terça-feira, 7 de outubro de 2014

Poesia - Continentino Sim Senhor

Continentino Sim Senhor

Brotei da cepa da história
Me fiz audaz, coeso, vigilante
Trilhei por caminhos marcantes
Ultrapassei remansos e corredeiras.

Em Pirogas de corticeiras
Pelo rio Uruguai eu desci
Sobre canoas no Ibiqui
Recebi o santo batismo
Aprendi o catecismo
Na catedral que não se encena.

Prendi a cruz de Lorena
Amarrada com Embira
No tronco da Guajuvira
Entrelaçada em um só nó.

Em amarras de cipó
Como uma benção que vem do céu
Arquitetei o meu primeiro Mundéu
Na redução do Caaró.


Pedi a benção pra Murubixaba
O imorredouro feiticeiro selvagem
Conduzi lendas, carreguei imagens
Quando neste contexto me alongo.

Busquei água com porongos
Pra benzer o chão bendito
Do continente infinito
Do Rio Grande de São Pedro
Que um dia aflorou sem medo
Na missão que não se acaba.

Com muito frio me aqueci na Taba
Sob o fascinante explendor da Lua
Ao lado de Cunhatais nuas
A exibir suas peles morenas.

Que excessivamente enfeitadas de penas
Imensamente me enfeitiçava
Momentos em que me conscientizava
Que nossa vida é tão breve ou pequena.

A famigerada lança de taquara
Que empunhou Sepé Tiaraju
Toda ornamentada em couro cru
Descobri flutuando no Vacacai.

E o legendário André Taquari
Que a tradição ainda nos fala
Vi cruzar de Xiripa e Pala
Sempre pomposo a despassito.

Lá a cola, vi tranformar-se em Andrézito
Numa arrogância que se consome
Onde tornou-se Artigas por sobrenome
Sobre a proteção da mãe Tupanci.

A transformar-se em ídolo entre os Guaranis
Ou junto aos Pajés dos fogões
Em um realce de mil emoções
A galopito e sem corcovos
Vi finalmente regressar aos sete povos
Como pacificador das missões.

Do Minuano impertinente
Me abriguei sobre uma Penha
Fui resenha da República andarilha.

Rumei por várzeas e coxilhas
Ostentando com fulgor
O valoroso pavilhão tricolor
Na insígnia imutável de uma raça
Que sob o Nordestão se esvoaça
Num clamor por liberdade
Dignidade, igualdade
Seguindo-se um único ideal.

Hoje de maneira até magistral
Enrolado neste venerável manto
Ainda ouço pelos quatro cantos
Nas longas noites quando desperto
Os inconfundíveis gritos de Antônio Neto
No inesquecível combate do Seival.

Ajudei o vovô a tocar tropas
Pelo caminho de Viamão
Desbravei rios e cruzei por sertão
Venci torrenciais enchentes
Levei a própria alma do continente
Apresilhada em meus ideais.

Ultrapassei com garbo os Campos Gerais
Quando encontrei com Antônio Bicudo
O memorável estancieiro sisudo
Que abastecia a abrigava os tropeiros
Castelhanos e brasileiros
Que celebrizaram esta rota.

Andei pelos campos, trilhei pelas grotas
Por onde a coragem não se acaba
Por onde a esperança não desaba
Margeando vales e serros
Ouvindo unicamente a voz dos cincerros
Até finalmente alcançar Sorocaba.

Em antigas armas de cavalaria
Nos tempos que lá se vão
Com Espada, Sabre e com Mosquetão
Fui vigia, fui sentinela.

O amor pela pátria verde e amarela
Sempre carreguei nos tentos
E o respeito por meu Regimento
Ainda cultivo com veneração.

Também juro, que não foi em vão
Quando escutei com imenso orgulho
A voz contagiante do Getúlio
Em estilo brando, entretanto varonil.

Na oração mais meticulosa e febril
Ultrapassando fronteiras e horizontes
Quando fez ecoar através do montes
Proporcionando-nos ênfase no momento
Quando bradava aos quatro ventos
Trabalhadores do Brasil.

Mergulhei em águas turvas
Como um centauro na escuridão
Agarrei-me no pega mão
Do para-peito da História.

 Fui legenda e memórias
Do glorioso berço continentino
Onde Deus traçou meu destino
Com respeito e com disciplina
Sobre o dorso da colina
Sem blateração ou escarcéu.

Torci meu próprio sovéu
A beira de um corredor
Vivendo na esperança e no amor
Também na devoção mais fiel.

Sempre contei com a proteção de São Miguel
Que levarei na minha bagagem
Um dia quando chegar ao fim a viagem

E eu adentrar a tranquito no céu.

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